ATA DA VIGÉSIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 25.06.1992.

 


Aos vinte e cinco dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Quinta Sessão Sole­ne da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatu­ra. Às dezessete horas e vinte minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a entregar o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Hermes Joaquim de Souza con­cedido através do Projeto de Resolução nº 52/91 (Processo nº 2833/91), de autoria do Vereador Wilton Araújo. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Omar Ferri, 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Hermes Joaquim de Souza, Homenageado; Senhora Stela Rocha Abreu, esposa do Homenageado; Senhor José Carlos Mello D’Ávila, representando o Prefeito Municipal; Senhor Newton Baggio, Diretor Superintendente da METROPLAN; Jornalista Segundo Brasileiro Reis, representando a Associação Riograndense de Imprensa e o Vereador Wilton Araújo, Secretário         “ad hoc”.  Como extensão da Mesa: Ronald, Ricardo, Wagner, Felipe, Rejane e Rosmari, filhos do Homenageado. Em continuidade o Senhor Presidente convidou a todos para ouvirem, de pé, o Hino Nacional. Após, o Senhor Presidente reportou-se acerca do evento e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Wilton Araújo, proponente e em nome das Bancadas do PDT, PT, PDS, PMDB, PTB, PPS, PV e PL saudou os presentes e historiou sobre a vida do profissional competente, carnavalesco excelente e desportista dedicado. Fez rápido histórico da vida pregressa do Homenageado até os nossos dias. A seguir, o Senhor Presidente registrou o recebimento de telegramas do Deputado Marcelo Mincarone; Senhor Athos Rodrigues e Senhor Jorge Debiage, Secretários do Estado. E, ainda, registrou a presença, no Plenário do Senhor Alfredo Raimundo Macalé, ex-Presidente da Associação das Entidades Carnavalescas; do Senhor Carlos Alberto Menezes e sua esposa Angela Maria Carvalho Soares; da Senhora Luciene, esposa do Vereador Vieira da Cunha e filha do Senhor Romildo Bolzan; do Senhor Lupicínio Jorge Que­vedo Rodrigues, filho do grande artista Lupicínio Rodrigues; e do Senhor Nilton Santana, da Sociedade Floresta Aurora. Após, o Senhor Presidente convidou o Vereador Wilton Araújo para fazer a entrega do Diploma ao Homenageado. A seguir, o Senhor Presi­dente concedeu a palavra ao Homenageado que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, apresentou-se o cantor Porto Alex e as baianas da Escola Bambas da Orgia. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezenove horas, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Omar Ferri e secretariados pelo Vereador Wilton Araújo, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Wilton Araújo, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


                     O SR. PRESIDENTE: Iniciando a solenidade nós temos a honra de passar a palavra ao Exmo. Vereador Wilton Araújo proponente desse Título de Cidadão Emérito que fará um pronunciamento em nome das Bancadas do PDT, PT, PDS, PMDB, PPS, PV e do PL.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exmo. Ver. Omar Ferri, no exercício da Presidência; Exmo. Sr. Dr. Hermes Joaquim de Souza nosso homenageado; Exmª Srª esposa do homenageado, Drª Stela Rocha Abreu; Exmo. Sr. Representante de S.Exª o Sr. Prefeito Municipal, Dr. José Carlos Mello D'Ávila; Exmo. Sr. Diretor Superintendente da METROPLAN, Dr. Newton Baggio; Exmo. Sr. Representante da Associação Riograndense da Imprensa, Jornalista Segundo Brasileiro Reis; Aos queridos Ronald, Ricardo, Wagner, Felipe, Rejane e Rosmari.

E registro, também, com satisfação o representante do Deputado Carlos Araújo, Dr. Spessato, que se faz presente na Sessão de hoje.

Mas hoje é o grande momento para a Câmara Municipal de Porto Alegre, um grande momento para a Cidade de Porto Alegre. Aqui os seus representantes por unanimidade aprovaram a proposta deste Vereador que dá o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Hermes Joaquim de Souza. Hoje, na Sessão, Dr. Hermes. Mas para nós, que temos o seu convívio diário deste amigo, deste profissional competente, deste carnavalesco excelente. Este desportista dedicado. É o Hermes. E permita relembrar, Hermes, que veio de Rio Grande , chegando em Porto Alegre em 1947, aos doze anos, na companhia de seus pais adotivos. Vindo da terra que deu personalidades inesquecíveis, como Carlos Santos, que, por coincidência, esta semana a Câmara também o homenageou dando o seu nome a um logradouro público. Hermes que chegou aqui, de origem humilde, e fez da sua caminhada a sua trajetória, a sua virtude, o seu ímpeto de vida, de generosidade. Também soube galgar as mais diversas etapas e estágios da vida em Porto Alegre. A Cidade grande que para muitos é a esperança para dias melhores. Mas aqui, quando se chega, lá de fora, encontra-se uma barreira enorme de dificuldades, às vezes muito maiores das de lá onde nascemos. Porque aqui a concorrência, dificuldades profissionais são enormes. Mas a esperança que chega com a gente que vem de fora é muito grande. E o Hermes chegou com esta esperança. Soube galgar os mais diversos degraus da profissão que hoje tem, contador. E mais; das amizades, o trabalho em comunidade que ele sempre executou. Da parte do Hermes Carnavalesco podemos dizer que lá em 51 ele já estava na Sociedade Primavera, Cordão Humorístico Olha os Modos. Em 52 no Rancho das Reminiscências, do saudoso Carusinho.

Em 1953 e 54 integra o rancho Águias da Noite. Em 1955 a 82, durante 27 anos nos Bambas da Orgia. Uma vida inteira dedicada aos Bambas da Orgia. (Palmas.) Entidade que soube reconhecer essa trajetória dando ao Hermes todos os cargos possíveis e imagináveis da sua Diretoria. Em 27 anos de Bambas foi criador de temas, enredos, dando muitos títulos a esta Escola. Em 1983 e 84 nos Imperadores do Samba, justamente no ano do Jubileu de Prata desta entidade. Coordenador-Geral do Carnaval, indicado pelas Associações das Entidades Carnavalescas no ano de 1985, então era Presidente, Alfredo Raimundo Macalé, hoje presente. Em 1986 dirigiu o Departamento de Carnaval da EPATUR, como Coordenador. Em 1987 Vice-Presidente da Associação das Entidades Carnavalescas. Em 1988, Coordenador-Geral dos desfiles em Porto Alegre. Em 1989 dirigiu o Departamento de Carnaval da Sociedade Estado Maior da Restinga. Em 1990 e 91 volta aos Bambas da Orgia, dirigindo o departamento de Carnaval, dos 50 anos com Léo Zineli, sendo conselheiro efetivo da Sociedade em 1991. Em 92 volta a ser coordenador do Carnaval de Porto Alegre.

Foi inúmeras vezes jurado, tanto em Porto Alegre quanto no interior, e também coordenador do Carnaval no Município de Gravataí, sendo criador do Festival de Samba Enredo do Quadro Escola de Samba. O Hermes também recebeu em 89 o troféu de Melhor Tema Enredo com Viagem ao Mundo da Sorte no Cenário da Esperança no Estado Maior da Restinga. Desnecessário ter feito esse apanhado cronológico, mas, hoje, é importante que mesmo que rapidamente, se diga, se ressaltem os momentos aonde cada um dos Senhores que estão aqui hoje lotando as dependências da Câmara tiveram um ou outro contato, sentiram, se aproximaram, conseguiram sentir o amigo que o Hermes é. Em cada um desses espaços tenho certeza que um de vocês encontrou o Hermes, trabalhou junto com ele; viveu junto com ele essa vida boa, de glórias que ele tem. Como desportista teve em 56 a criação do Grêmio Esportivo Don Vital, na Glória; em 60, juntamente com Alceu Soares Lima, funda a Associação Esportiva Ferroviária; em 71 Campeão Estadual, Primeira Taça de Ouro e Prata; em São Paulo, o Título Nacional, 2º lugar. Nessa época era bom de bola, era técnico já tinha passado da fase do campo e era o técnico. Em 74, faz com justiça, criando uma Associação em homenagem ao saudoso Everaldo Marques da Silva, funda, então, no bairro Teresópolis a Associação Recreativa Cultural Everaldo Marques da Silva, que participou da liga Ipanema e Belém. Bom, o Hermes é sinteticamente essa pessoa que aqui em poucas palavras nós trazemos só uma frase de todo o tempo que ele trabalhou e se dedicou a Cidade de Porto Alegre. Quis esse currículo, Hermes, essa trajetória, Hermes, que tu tens, dá para ver que só tu fizeste o bem, só tu te preocupaste em agregar, em juntar, em fazer coisas sadias, em reunir, em dedicar a algo que é muito bom para nossas raízes que é transformar aquilo que ainda, hoje, infelizmente, muitos dizem ser um ajuntamento de pessoas, de bagunceiros que é o carnaval, infelizmente, ainda tem gente que diz isso. Mas, a tua vida contribuiu e significativamente para elevar e traduzir o mais alto espírito comunitário da sociedade, significa essa nossa raiz; carnaval significa e representação de nossa raiz negra, de nossa música, nossos costumes, e por isto, é infelizmente, ainda, hoje, mal visto, por alguns. E o Hermes pelo seu trabalho, sua dedicação soube trazer, marcar, gizar, que nós todos temos a necessidade de trabalhar pela sociedade. É por isto, Hermes, que a Câmara Municipal está hoje em dia de festa. A Cidade de Porto Alegre, rara oportunidade tem de homenagear uma pessoa com um currículo tão extenso, tão bom, tão generoso, para o povo de Porto Alegre, quanto o teu. Porto Alegre se sente honradíssima em ter como seu Cidadão Emérito o Dr. Hermes Joaquim de Souza.

A nossa homenagem pessoal a sua família, a seus filhos, que hoje estão aqui. Sigam o exemplo deste pai; ele dá exemplo não só a vocês, mas a Porto Alegre inteira. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra a presença, neste Plenário, do ex-Presidente da Associação das Entidades Carnavalescas, Dr. Alfredo Raimundo Macalé; (Palmas.) Do meu amigo pessoal e sua esposa, Dr. Carlos Alberto Menezes e a Srª Angela Maria Carvalho Soares. O meu prezado amigo Nilson Santana, da Floresta Aurora. A Luciane, filha do meu grande amigo Romildo Bolzan, que para nossa satisfação é a esposa do Ver. Vieira da Cunha. O meu amigo Lupinho, filho do nosso grande artista, homem da maior sensibilidade musical do Rio Grande do Sul, Lupicínio Rodrigues.

Fui informado, pelo Dr. Newton Baggio, Digno Presidente da METROPLAN, num bilhetinho, de leve, por debaixo d'água, mas como sou dedo-duro, tenho larga experiência daqueles tempos, quando o "dedado" era eu, e diz o bilhetinho: "O Dr. Hermes ocupa, hoje, o cargo de Diretor Administrativo da METROPLAN. O número de funcionários presentes demonstra o resultado positivo de seu trabalho". Esse é um grande registro. (Palmas.)

Convido o Ver. Wilton Araújo para que proceda à entrega do Título ao nosso homenageado.

 

(É procedida a entrega do Título.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo, a seguir, a palavra ao homenageado, agora Cidadão Emérito de Porto Alegre, Dr. Hermes Joaquim de Souza.

 

O SR. HERMES JOAQUIM DE SOUZA: Sr. Vereador Omar Ferri, Vice-Presidente da Câmara de Vereadores, presidindo esta Sessão; Arquiteto Newton Baggio, Diretor Superintendente da METROPLAN; Sr. Presidente da Empresa Porto-Alegrense de Turismo, Dr. José Carlos Mello D'Ávila; meu grande amigo Jornalista Segundo Brasileiro Reis; senhores, tenho a honra de tê-los na minha presença aqui nesta solenidade; meu querido amigo Alfredo Raimundo Macalé; meu novo Presidente da Associação das Entidades Carnavalescas Evaristo Mutte; todos os carnavalescos que estão aqui; meus irmãos de escola de samba; meu grande amigo, inclusive patrão, Dr. Luiz Antônio Pereira da Silva; meus grandes irmãos, companheiros, diretores da METROPLAN, desta luta diária, meu irmão Haley Filiponsky; todos os funcionários da METROPLAN, me perdoem por não poder enumerá-los um a um, porque a memória pode me trair e eu ficar em falta com alguns de vocês, mas a presença de vocês me sensibiliza muito; meu querido amigo Dr. Silas Duarte de Mello, Consultor Geral da METROPLAN; todas as pessoas que muito me honram e meu querido amigo e irmão, Ver. Wilton Araújo.

Wilton Araújo, recebo esta iniciativa de me prestar esta homenagem e retorno ao passado. Ao passado em que nós lá na quadra da Bambas da Orgia, no Força e Luz nos encontrávamos com teu saudoso pai, e lá nós fazíamos, nos fins de semana, uma roda de samba, um churrasquinho nos fins de tarde. Por isso que eu levo muito nesta amizade que nos uniu durante todos esses anos, e, se Deus quiser, nos unirá para sempre, com essa mesma afetividade que tiveste desde menino.

Cresceste e hoje me fazes esta homenagem. Os agradecimentos a todos que aqui estão presentes, ao Prof. Ancke, da FUNDADEC, muito obrigado pela sua presença e a todas as pessoas que labutam numa empresa a qual eu dedico imenso carinho que se chama, Empresa do Jornal do Comércio que, é a Rádio Princesa, que é a Cia. J. Jarros, porque a Rádio Princesa, no decorrer de todos esses anos, vem sendo aquele baluarte que sustenta o carnaval de Porto Alegre, pela comunicação que ela faz. Não só nos eventos pré-carnavalescos, ela se mantém atenta ao carnaval durante o ano inteiro, e aí eu encontro irmãos de carnaval. Deus. Deus, já levou que era o nosso saudoso Roxo, mas encontro um Delmar, encontro o Leandro Maya, encontro o Vanderlei Rosa, a dona Valéria Jarros o Odi Ferreira. Se esqueci alguém, me perdoem, o Jirosinho, meu irmão e aí eu vou entrar na área do carnaval. Mas eu quero agradecer de coração a todos vocês comunicadores da Princesa, vocês fazem o carnaval, vocês motivam as pessoas a gostarem do carnaval. Continuem nessa luta porque o carnaval depende muito disso, porque infelizmente, dos Poderes Públicos, tudo pode-se esperar até o momento, o Carnaval cresceu mas não cresceu na proporção do interesse dos Poderes Públicos, até hoje é a maior festa do mundo, é a única festa que atrai turistas de todos os lados, de todos os recantos do mundo é a única festa que atrai turistas de todos os lados, de todos recantos do mundo, vêm turistas ver o Carnaval brasileiro. Mas nós aqui no Rio Grande do Sul ainda sofremos muito, com muita discriminação. É a única festa que dura três dias, é exatamente o Carnaval, mas muitas atenções de órgãos da imprensa só se dedicam ao carnaval exatamente no momento do carnaval. E que tristeza dá a uma pessoa que 45 anos luta pelo carnaval, quando vê o carnaval perseguido pela censura dos pré-ensaios, pelas dificuldades dos dirigentes nas portas de gabinetes sofrendo e implorando. Implorando por quê? Não precisaria implorar, porque eles estão fazendo exatamente uma coisa, é difundir a cultura, a cultura popular, não a elitista. (Palmas.)

E o carnaval fica batendo de porta em porta, mas há uma coisa que até hoje a burocracia não conseguiu derrotar, que o carnaval é uma coisa do povo, da origem do povo. Aí vocês vão me permitir que eu diga porque estou falando de improviso. Era muito mais simples, no recanto da minha casa, no meu gabinete, dentro da METROPLAN, eu redigir uma folha de papel e trazer um monte de coisas e dizer coisas bonitas aqui. Mas infelizmente o carnaval só tem coisas bonitas nos três dias, porque depois ninguém se lembra mais de que dirigentes, que pessoas perderam casas, prédios, trabalho, créditos, para fazer o quê? Demonstrar o seu amor ao carnaval. Por isto que neste momento que recebo esta láurea da Câmara Municipal de Porto Alegre, e aqui tem dentro desta Casa, pessoas, Vereadores que labutam como nós em prol do carnaval. E vocês vão me permitir, vai ser rápido, que divida em duas partes. Porque também tenho o lado do esporte amador, mas principalmente do carnaval. Nós passamos "n" dificuldades, quando passa aqueles três dias. E aí está o querido Ariovaldo Paz, verdadeira bandeira de glória dos Bambas da Orgia. Que recebeu nesta Casa, essa mesma láurea que estou recebendo, e nós sabemos o quanto é difícil, não é meu irmão Ariovaldo, nós sentarmos na calçada, e às vezes comermos um pão puro, como aconteceu várias vezes conosco, todo mundo aplaudindo um Bamba bonito na avenida e nós nos defrontamos três ou quatro dias depois com uma série de dificuldades e aqui tem um que pode dizer o que o carnaval ocasionou. Na minha trajetória de vida, até serviço, até função profissional eu perdi, por quê? Porque eu me dedicava ao carnaval, eu perdi não por postergar compromissos profissionais, eu perdi porque havia a perseguição ao lado do carnaval, carnaval era coisa - e desculpe a realidade- coisa de negro, coisa de vagabundo e quando eu lutei para vencer e graças a Deus eu venci, com anos e anos de sacrifícios em bancos escolares e universidade, eu consegui lutar, mas consegui fazer uma coisa na minha vida que nunca foi incompatível para mim lutar pelo carnaval e pelo futebol amador e fiz da minha existência um hobby. Muitas vezes prejudiquei a minha família com tudo isso, e continuo fazendo a mesma coisa, continuo me dedicando ao carnaval e tenho aqui a satisfação a honra de dizer, neste momento, que consegui este reconhecimento ao carnaval. Se me projetei como um homem a mais no anonimato de uma Cidade como Porto Alegre, foi porque eu lutei humildemente dentro das possibilidades que eu tenho e sempre tive de procurar fazer amizade, de procurar sempre multiplicar e todas as vezes, em qualquer circunstância da minha vida, dentro das entidades eu me defrontava com algum confronto político, porque dentro das entidades também existe política, mas esta política de relacionamento, quando poderia ser divergente para que ocasionasse uma ruptura ou que trouxesse qualquer percalço na vida de uma entidade ou na seqüência de uma amizade pessoal, eu me afastava, porque a polêmica é característica do ser humano, mas eu sempre lutei pela unidade e se hoje não me encontro na minha entidade de coração e todo mundo sabe que é a Sociedade Beneficente Cultural Bambas da Orgia, a mais antiga do Estado do Rio Grande do Sul e uma das mais antigas do Brasil, mas tenho a certeza de que ela está muito bem conduzida. As dificuldades que ela está atravessando faz parte da rotina como a rotina da vida, porque se na vida tudo fosse maravilha se tudo desse certo seria o ideal. Mas, lamentavelmente, os percalços as pessoas e as entidades tem que atravessar, o Município, o Estado e a Federação. Estão aí os exemplos de hoje, nos defrontamos todos os dias nas leituras dos jornais com os escândalos que afloram e isso faz parte. Os dirigentes têm que se posicionar, e saber que o Brasil precisa que eles coloquem suas mentalidades direcionadas ao bem estar do povo.

Pode parecer que eu estou fazendo uma miscelânea. Mas, quero transmitir a todas aquelas pessoas que não conhecem ou que não conviveram com os bastidores de uma escola de samba. Mas vocês precisam sentir que o carnavalesco é o maior artífice da cultura popular. (Palmas.)

O Carnavalesco faz do nada o seu espetáculo. Do seu ideal da sua luta, da sua garra, do seu vício pelo carnaval ele transforma uma festa , que mesmo comprimida, para 11 mil pessoas, ela vai a mais de 100 mil. Por que esta grande festa não merece uma melhor atenção na sua estrutura, na sua base, na sua concepção?

E na relação com o carnaval transmito a todos aqueles jovens que labutam dentro das escolas de samba, que são os nossos descendentes, que continuem lutando para que esta festa, apesar das dificuldades que se criam, não morra.

Continuem lutando, esta juventude que ajuda, assessorando as escolas de samba, se tiverem que continuar na peregrinação cansativa, às vezes, de gabinete em gabinete, vamos continuar. Porque só assim vamos sentir que esta semente que plantamos vem crescendo dia-a-dia, e pela força do nosso ideal de carnavalesco ela não pode morrer. E faço, aqui, neste momento, um tributo ao próprio carnaval um pedido às autoridades. As autoridades do meu partido eu tenho certeza que são conscientes disso e vão procurar traçar uma norma em que se concretize para Porto Alegre um local ideal, um local digno do carnaval. O carnaval cresceu e as estruturas diminuíram. Vamos inverter isso, vamos acompanhar e vamos fazer dessa sintonia de melhores condições ao carnaval e Porto Alegre proporcione que mais pessoas venham ver o carnaval, porque o carnaval é uma fonte de grande rotação de benefícios para o comércio, para o próprio comércio turístico muita gente se beneficia com o carnaval, mas muito pouco se dá de retorno. Então, em nome dessas entidades, desses dirigentes, desses peregrinos que tanto se sacrificam é que eu faço um apelo às autoridades, aqui, independente de partido, estamos numa pré-campanha eleitoral e sabemos muito bem que o destino mais adiante é que vai dirimir quem será o dirigente, mas seja qual for aquele partido que assuma, que tenha uma atenção especial ao carnaval. Não é favor que vão fazer, vão fazer um benefício ao povo de Porto Alegre, porque o lazer faz parte de uma obrigação fundamental constitucional. E se nós usarmos os direitos constitucionais, é possível que sirva para todos nós.

 E por último uma palavra sobre o futebol amador, o que existe de esperança para o futebol amador? Eu acredito que nada. Os campos foram transformados em edifícios, diriam todos que é o pseudoprogresso e eu acredito que sim. Mas é preferível nós vermos a nossa juventude praticando esporte do que estar nessas malditas reuniões noturnas dançantes e que depois aflora um monte de problemas. E se nós tivéssemos um esporte eles estariam até cansados de noite pela dedicação que o esporte traz, mas precisam de um local para praticar o seu esporte. Nós estamos vendo na sincronia de futebol e carnaval e esses dois gênios fundamentais da nossa existência que é o lazer e o esporte estão se reduzindo. Seja que for o dirigente é bom pensar no futuro e que o esporte é a base fundamental da própria vida e o lazer faz parte da vida. (Palmas.) Por último, quero agradecer a duas formas do meu íntimo, da minha espiritualidade e da minha religiosidade. Em primeiro lugar, pela força que vocês me deram pela generosidade da presença e, por fim, ao meu Deus, que me deu forças de vir aqui e dizer tudo o que eu tinha vontade de dizer, de todo o coração. Muito obrigado. (Palmas.)

Como sou carnavalesco, não poderia deixar, agora, de proporcionar a vocês, inicialmente, as baianas da minha Escola de Samba Bambas da Orgia, que estão aqui presentes, e vou deliciar vocês, também, com a apresentação deste extraordinário artista que é Porto Alex.

(É feita a apresentação.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 19h.)

 

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